Nessa resenha do livro "Na África Selvagem" iremos acompanhar o jornalista americano Mark Seal que ficou curioso ao ler uma nota sobre o assassinato de uma senhora no Quênia. A senhora em questão era a produtora de filmes sobre a natureza Joan Root, Mark escreveu um artigo sobre a vida e obra da autora para a revista Vanity Fair. Posteriormente viajou para a África onde passaria três anos fazendo uma pesquisa minuciosa sobre a vida de Joan Root, da infância até o fatídico dia de sua morte.
A tímida Joan Root era filha de um cafeicultor queniano e durante a infância não recebeu muita atenção por partes dos pais que seguiam regras de alguns livros que ensinavam a não mimar os filhos e ainda bebê quando chorava seus pais seguiam a orientação de tais livros sobre não intervir e esperar que o bebê parasse. Quando tinha idade suficiente foi mandada a um colégio interno na Suíça onde concluiu seus estudos e quando voltou ajudou seu pai em seu novo empreendimento, a criação de safáris na região de Nairobi, foi o pai de Joan, Edmund Thorpe, que iniciou o lucrativo negócio de safáris na África e Joan se tornou seu braço direito na administração dos negócios.
Foi quando ela conheceu seu futuro marido e parceiro de aventuras Alan Root. Alan era, ao contrário de Joan, extrovertido e exibicionista, mas também um apaixonado pela vida selvagem desde a infância quando se mudou para África com o pai. Juntos Alan e Joan formaram um dupla imbatível na captura de cenas da vida selvagem e passaram anos se dedicando a filmar a migração dos animais pelo Quênia. Filmaram os temidos gorilas, elefantes, serpentes perigosas, sobrevoaram vulcões com aviões e um balão. Tudo parecia perfeito até Alan se envolver com outra mulher a abandonar Joan, foi então que ela passou a dedicar-se a preservação da natureza na região do lago Naivasha onde ela e seu ex-marido tinham comprado uma casa, que era seu refúgio entre as filmagens.
Joan lutou contra a instalação de floriculturas nas margens do rio, a troca do café pelas flores trouxe uma serie de consequências para a natureza local, além de agrotóxicos que acabam no lago, as flores trouxeram uma enorme quantidade de pessoas em busca de emprego, aos poucos foi se estabelecendo a favela conhecida como Karagita e a pesca descontrolada acabava com o lago e a caça ilegal afastava e acabava com as muitas espécies animais que antes eram abundantes naquelas terras. Ela fez o que pode para preservar a vida selvagem local, por causa disso comprou briga com muitas pessoas de fazendeiros a pescadores e por fim foi morta em 13 de janeiro de 2006 por homens encapuzados armados com fuzis AK-47.
A história de Joan Root se mistura a história do Quênia e suas transformações, Seal nos mostra como a história do Quênia desde o estabelecimento dos ingleses naquelas terras até os dias atuais moldou o que o país é hoje, um lugar violento e o mesmo tempo fascinante. Joan Root foi mais que uma ativista, dedicou seu amor a proteger aquilo que acreditava. Morreu por tentar mudar a forma como as pessoas tratam a natureza que morre cada vez mais rápido pelas mãos humanas.
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